Era uma vez, num estado descentralizado de um longo país distante, um governador ruim de matemática e ótimo de coração.
No dia em que sagrou o nobre Sir Sadi como cavaleiro da procuradoria geral, o governador, ainda com a espada sobre o ombro do agraciado, proclamou qual seria a sua principal missão: “enfrentareis o dragão Gayoso e tratareis de pagar R$ 1 bilhão, porcausde que não tem mais recurso”.
E desde aquele dia todos os arautos do reino começaram a repetir aquela cifra mágica e realmente fabulosa, quase como um mantra: “R$ 1 bilhão, pagar R$ 1 bilhão, R$ 1 bilhão...”Até que esta semana, mais precisamente na terça-feira ao cair da tarde, o Xerife da Comissão de Transportes e Desenvolvimento Urbano da Assembléia Legislativa, Sir Caramori, reuniu-se com Sir Sadi e Sir Theophanes de Infra, justamente pra examinar o tal pagamento de R$ 1 bilhão.
Ouvidos todos os relatórios e feitas todas as contas, ninguém conseguiu afirmar que o reino deva mesmo R$ 1 bilhão. Nem que não tenha mais recurso.
Pra não deixar o governo muito mal, a certa altura seus súditos começaram a conjeturar de onde teria saído aquele número mágico. “Ah, talvez porque Gayoso falou, em 2005, que a dívida estava em R$ 600 mil e aí o governador arredondou”, sugeriu Sir Theophanes de França.
O mistério continuou até que um velho sábio que mora na floresta do morro do Mocotó preparou uma infusão com ervas danadinhas e, na fumaça, leu um vaticínio hermético: “um grande político colocou um bode mal cheiroso na sala para que todos fiquem muito incomodados com o cheiro. Quando o bode sair, todos ficarão achando a sala ótima”. E se calou.
Foi chamada então essa Fada que sabia traduzir o que o sábio dizia. E ela explicou: “É simples, o bode é o R$ 1 bilhão. Ficou todo mundo tão assustado que, se tiver que pagar R$ 300 milhões, os súditos vão achar que estão fazendo um excelente negócio, só porque tiraram o bode de R$ 1 bilhão da tesouraria”.Hum... talvez o governador não seja assim tão ruim de matemática...
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