quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

ESCOLA PRÁ PREPARAR AGENTES PÚBLICOS? QUE QUE É ISSO LUIZ HENRIQUE

L’ÉTAT, C’EST MOI!
A notícia que o governo do estado publicou ontem, com as últimas informações sobre a viagem do embaixador LHS à Europa, tem trechos que são nitroglicerina pura. Munição distribuída gratuitamente para a oposição. Certamente o ainda secretário da Comunicação estava distraído quando LHS falou o que falou. Homem que sabe o valor das palavras e do sentido das palavras, ele teria aconselhado o chefe com aquela sábia, sintética e sempre útil recomendação: "menas, governador, menas!"

LHS convidou a Escola Nacional de Administração, da França, para vir instalar-se em Santa Catarina. Nada contra intercâmbios e convênios. O problema é que LHS faz as coisas de um jeito que parece jogar na lata do lixo da história dezenas de anos de construção de boas escolas de administração, como as da Udesc (Esag), da UFSC e algumas outras.

Como se Santa Catarina fosse o Timor Leste, nação em construção, onde está tudo por ser feito, LHS parece achar que nesta terra inóspita, inculta e atrasada, as luzes terão obrigatoriamente de vir pelas mãos sábias e "naturalmente" competentes dos estrangeiros. Ao revitalizar a colonização, expressa uma xenofilia que nos ofende a todos e não faz jus ao esforço que nossos antepassados fizeram para consolidar este estado e suas instituições.

Mas isto nem é o mais grave. Grave mesmo é o que o parágrafo abaixo, proferido, segundo o site de notícias do governo, pelo próprio LHS, revela nas suas entrelinhas. O grifo é meu:
"A escola visa formar quadros de excelência, com cursos de quatro anos e outros de aperfeiçoamento para servidores já atuantes. O currículo busca eficácia, eficiência e extrema consciência ética no trato das coisas públicas", sublinha Luiz Henrique, que adianta também outros detalhes, como a habilitação dos alunos nas línguas francesa e inglesa. Os melhores alunos, depois de formados, terão ocupação garantida na estrutura administrativa do Estado", explicou o governador."
O governador viajante atropela tudo o que até aqui se sabia sobre acesso ao serviço público e promete empregos no governo para quem fizer o cursinho tropical da École francesa. Que me socorram os conhecedores das leis: não precisa mais concurso? Não havia uma lei determinando que a única forma de acesso era por concurso? Notas boas em uma sucursal (ou matriz) de uma escola seja de que país for podem substituir concursos?
LHS já fez e disse coisa parecida, há alguns anos, quando prometeu emprego nas SDR para quem fizesse um curso de administração regional, algo assim, que ele incentivou as fundações educacionais a oferecer.
Deslumbrado com a prestigiosa escola francesa, que teve entre seus alunos políticos europeus importantes, LHS até mandou o Diomário ficar mais dois dias em Paris para trazer uma proposta que possa ser submetida... à Assembléia? a algum Conselho Estadual? que nada, quem aconselhará LHS será o Cocosugo, o tal Conselho Consultivo Superior de Governo. E a instalação da École já está inscrita no programa das comemorações do Ano da França no Brasil, em 2009. Allez! Allez!

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