quarta-feira, 18 de julho de 2007

TEXTO - SINTO VERGONHA DE MIM

Sinto vergonha de mim por ter sido educador de parte desse povo, por ter batalhado sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade, por primar pela verdade e por ver este povo já chamado varonil enveredar pelo caminho da desonra.


Sinto vergonha de mim por ter feito parte de uma eraque lutou pela democracia, pela liberdade de sere ter que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente,a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatezno julgamento da verdade, a negligência com a família,célula-mater da sociedade, a demasiada preocupação com o “eu” feliz a qualquer custo,buscando a tal “felicidade” em caminhos eivados de desrespeitopara com o seu próximo.


Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir,sem despejar meu verbo, a tantas desculpas ditadaspelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildadepara reconhecer um erro cometido, a tantos “floreios” para justificaratos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posiçãode sempre “contestar”, voltar atrás e mudar o futuro.


Tenho vergonha de mim pois faço parte de um povo que não reconheço,enveredando por caminhos que não quero percorrer…Tenho vergonha da minha impotência,da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço.Não tenho para onde ir pois amo este meu chão,vibro ao ouvir meu Hino e jamais usei a minha Bandeirapara enxugar o meu suor ou enrolar meu corpona pecaminosa manifestação de nacionalidade.Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti,povo brasileiro!“De tanto ver triunfar as nulidades,de tanto ver prosperar a desonra,de tanto ver crescer a injustiça,de tanto ver agigantarem-se os poderesnas mãos dos maus,o homem chega a desanimar da virtude,a rir-se da honra,a ter vergonha de ser honesto”.

Ruy Barbosa

2 comentários:

Unknown disse...

Ruy Barbosa é o símbolo de nossa República, deve sempre ser reverenciado por isso e por suas sempre sábias e pontuais palavras. Atual como sempre, o texto em verdade deve nos incitar a transformar a vergonha em indignação, a vergonha em organização social, a vergonha em mudança,...

Cleide Canton disse...

Por favor, solicito correção de autoria do meu texto Sinto vergonha de mim. Não é de Rui Barbosa conforme comprovo em meu site:
www.paginapoeticadecleidecanton.com/sintovergonha.htm
e também com a correção de Rolando Boldrin
http://www.youtube.com/watch?v=ERTmvOll87s
De Rui é a citação final, que não faz parte do meu texto, mas é parte de um discuro de Rui Barbosa, usado após o final do meu texto, como fecho.
Agradeço
Clede Canton
O original:
SINTO VERGONHA DE MIM
Cleide Canton



Sinto vergonha de mim
por ter sido educadora de parte desse povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.

Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
célula-mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o "eu" feliz a qualquer custo,
buscando a tal "felicidade"
em caminhos eivados de desrespeito
para com o seu próximo.

Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos "floreios" para justificar
atos criminosos,
a tanta relutância
em esquecer a antiga posição
de sempre "contestar",
voltar atrás
e mudar o futuro.

Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer...

Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.
Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir meu Hino
e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor
ou enrolar meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.

Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti,
povo brasileiro!

SP,03/09/2006




"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra,de tanto ver crescer a injustiça,de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,a rir-se da honra,a ter vergonha de ser honesto" .
Trecho de discurso de Rui Barbosa