segunda-feira, 7 de abril de 2008

REFLEXÕES SOBRE DECEPÇÕES E ESPERANÇAS DEMOCRÁTICAS

Por Gabriel Mourão Kazapi*

A Jovem democracia brasileira atravessa, há alguns anos, um olhar crítico dos cidadãos pátrios, pois, jovem que é, ainda demonstra ser incipiente para dirimir os profundos conflitos sociais existentes na imensidão chamada Brasil.

Poder-se-ia aqui fazer apologia positiva e negativa dos vários governos democráticos que atravessaram as ultimas duas décadas, porem tal reflexão apenas traria considerações um tanto quanto piegas do já festejado discurso do establishment contra os reformistas de plantão, e vice versa, por óbvio.

A reflexão que pretendo fazer neste ensaio está adstrita a luta de gerações, sim por que é no bojo da construção das prioridades de cada geração que se forjam as políticas públicas de consenso em uma pátria.

A geração dominante no poder político (em qualquer das esferas, compreendendo não apenas o poder institucional), é oriunda de uma bandeira, o jargão “Abaixo à Ditadura”. Isto pode ser facilmente constatado se enumerarmos os últimos 3 presidentes da República, bem como a ampla maioria dos membros do Congresso Nacional.

Pois bem, a grande bandeira de reivindicação social linhas acima esposada, nada mais era do que um fim em si mesma, uma vez que em ruínas o poder militar e instituídas eleições diretas, inexistiram qualquer sentimento de comoção nacional que pudessem ditar os rumos das políticas públicas no Brasil.

Mas esta geração que redemocratizou a Nação, ainda que de maneira incipiente, atingiu o seu objetivo. O que nos leva a frustração com o sistema democrático brasileiro, é que nestes 20 (vinte) anos sofremos uma “inanição de lideranças”, ou seja, não vimos surgir no País qualquer liderança nova, qualquer discurso minimamente consensual novo, que pudesse mobilizar toda uma geração, pelo contrário, o comodismo com o sistema posto foi imperioso.

Por óbvio que os governos que se sucederam iriam representar frustrações com o sistema, uma vez que todos, sem exceção, apenas imprimiram um ritmo do “mais do mesmo”, posto que todas as forças estavam direcionadas à resolução da pauta econômica, sempre imperiosa na moderna economia de mercados.

Urge, portanto, que a juventude brasileira se organize em torno de uma pauta mínima de discussões e objetivos sociais, pois toda Nação, bem como projeto de Nação, tem de se alicerçar em objetivos comuns da sociedade, a fim de que se persiga um determinado fim social através de políticas públicas, uma vez que como dito acima, o objetivo da geração dominante foi atingido e perdemos uma geração inteira nas 2 últimas décadas.

Necessitamos construir um sentimento nacional uno, não apenas discursos despidos de conteúdo e repletos de retórica, mas sim identificarmos aquilo que, para todas as tendências políticas, é um mal para o País, pois assim teremos tal prioridade elevada à princípio, não dependendo de sabores governamentais.

Não nos interessa fazer a inócua discussão de “direita e esquerda”, posto que a resolução das mazelas não está ligada à orientação ideológica do governante, mas sim se tal orientação ideológica poderá, no seio daquilo que é prioridade para a Sociedade, buscar soluções. Não nos esqueçamos que os quatro últimos mandatos (2 de FHC e 2 de Lula) foram liderados por governantes que nasceram na dita esquerda, um sociólogo e um sindicalista.

Assim sendo, não podemos nos dar ao luxo de perder mais uma geração para o comodismo político, se assim o for mais duas décadas serão perdidas e assim sucessivamente e um moto contínuo sem fim. Fica o desafio.



*Gabriel Kazapi é advogado, membro da Direção Executiva da JPS/SC e pré-candidato à vereador pelo PPS/Floripa

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