
Soninha Francine decidiu lançar-se como
“pré-candidata” à Presidência da República pelo PPS. Ex-vereadora e candidata
derrotada à prefeitura de São Paulo em 2012, ela se declara “empolgada” com a
perspectiva de participar do processo sucessório. “Estou me dispondo até a
abrir mão do plano de disputar um mandato [na Câmara] federal.”
A novidade divide o partido. Lidera o bloco
pró-Soninha o deputado Rubens Bueno (PR), secretário-geral do PPS, segundo
posto na hierarquia da legenda. “É a nossa melhor opção”, diz ele. Contrário à
ideia, o deputado Roberto Freire (SP), presidente do partido, dispensa até a
diplomacia: “Não tenho nenhum entusiasmo por isso.”
A despeito da aversão de Freire, dois diretórios
estaduais do PPS já aprovaram o apoio à candidatura de Soninha. O nome dela foi
referendado na noite desta terça (15), em decisão unânime (25 votos), pela
Executiva estadual da legenda em Pernambuco, Estado governado pelo
presidenciável do PSB, Eduardo Campos. “A Soninha não é uma candidata qualquer.
Tem preparo para fazer um belo papel”, disse o ex-ministro Raul Jungmann,
vereador em Recife e presidente do PPS pernambucano.
Na noite da véspera, conforme já noticiado aqui, o
diretório estadual do PPS no Paraná, presidido por Rubens Bueno, também já
havia formalizado, por 42 votos a 2, a opção pela candidatura presidencial
própria e pelo nome de Soninha. É possível que outros diretórios estaduais
imitem o gesto. O tema mobiliza filiados da legenda em grupos de discussão na
internet.
O blog perguntou a Roberto Freire se planeja usar o
peso da presidência para desautorizar o movimento. E ele: “Eu não faria isso,
até porque o partido é que vai decidir. Apenas acho que esse não é o caminho.
Se tivéssemos um candidato competitivo, tudo bem. Mas não é o caso. Então, para
quê? Só para fazer proselitismo. Ora, por favor. Não é comportamento adequado
para uma eleição como essa, que tanto significa para nós da oposição.”
“O Roberto Freire se preocupa porque acha que não
precisamos decidir nada agora, e teme que o partido se precipite”, Soninha
tenta interpretar. “Eu não me preocupo com esse risco. Temos três alternativas.
Duas delas já estão muito claras: apoiar o PSDB, com o Aécio Neves, ou apoiar o
PSB e a Rede, com Eduardo Campos e Marina Silva. A terceira hipótese é a
candidatura própria.”
Soninha prossegue: “Agora, não há mais pressa. Só
temos que decidir em dezembro, no Congresso do partido, ou em março, na
convenção. O debate ocorrerá de qualquer jeito. Não vejo problema em fazer uma
consulta, ouvindo os Estados. Digo que sou pré-candidata não por formalidade,
mas porque há dúvida no partido. E se existe dúvida, a melhor maneira de
eliminá-la é sair perguntando agora, para testar as hipóteses. Aí, é como no
caso do Rogério Ceni [goleiro do São Paulo]: só perde pênalti quem bate.”
Freire não se dá por achado: “Ter candidato por ter
candidato não faz sentido. Pode até parecer um pouco duro o que vou dizer, mas
isso vai contra a nossa história. Quando fui candidato, em 1989, era num
processo de redemocratização, em que precisávamos afirmar o partido. Quando
Ciro Gomes disputou pelo PPS, era na perspectiva de constituir uma terceira
via”.
O presidente do PPS acrescenta: “Agora, quando
cogitamos a candidatura do [José] Serra ou da Marina Silva, pensávamos em
exercer um certo protagonismo no processo. Os dois são competitivos. Sair com
um nome que dê traço nas pesquisas ou que some 1%, 2% não nos torna relevantes
nem para uma eventual composição de segundo turno. Temos que pensar no
fortalecimento do partido e das oposições. Creio que ajudamos mais se apoiarmos
alguém que vá para o segundo turno.”
Acha que o nome de Soninha seria refugado no
Congresso do PPS, em dezembro?, perguntou o repórter a Freire. “Nao sei”, ele
respondeu. “Digo a você que tenho receio. O partido fica se entusiasmando com
isso e não é assim que se faz. Se lançar candidatura própria de qualquer jeito
resolvesse o problema, o PSTU, com o seu
lema ‘contra burguês vote 16’ seria um grande partido.”
Soninha diz ter chegado à pré-candidatura em três
lances. Num, ouviu Rubens Bueno mencionar-lhe o nome numa entrevista e não deu
grande importância. Noutro, testemunhou a defesa que Bueno fez do seu nome numa
reunião da Executiva nacional e exclamou: “Olha que eu topo!”. No derradeiro
lance, viu a adesão à sua candidatura crescer no debate interno da internet,
sobretudo entre os correligionários que se frustraram com a ida de Marina Silva
para o PSB. Foi quando evoluiu da cogitação para a “empolgação.”
O entusiasmo levará Soninha a viajar pelo país.
“Aceitarei todos os convites que receber”, diz ela. Já recebeu o primeiro, de
Jungmann, para um ato partidário em Recife, no próximo dia 24. “Melhor o debate
interno, ainda que com divergências, do que o silêncio dos cemitérios”, diz
Jungamnn, amigo de Roberto Freire.
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