O primeiro negro na Assembleia de SC
Os prefeitos Dário e Djalma Berger juntaram-se a líderes e militantes do PMDB para a posse do suplente Valter Galina como deputado estadual. A festa maior, contudo, teve com alvo o suplente Sandro Silva, do PPS, o primeiro negro a ocupar cadeira no parlamento estadual, substituindo o deputado Altair Guidi.
Antes de Sandro Silva a raça negra esteve representada no legislativo por uma mulher, a deputada Antonieta de Barros, jornalista e professora das mais renomadas na história da educação catarinense e hoje homenageada com o único túnel da Ilha de Santa Catarina e denominação de ruas e escolas.
A posse foi classificada de fato histórico e motivou o orador a reverenciar o negro mais famoso da literatura estadual: o poeta simbolista Cruz e Sousa.
Não por acaso, Sandro Silva vem de Joinville, onde foi eleito vereador em 2008 com 4.978 votos, o primeiro da história da maior cidade catarinense. Concorrendo em 2010 a deputado obteve 18.094 votos, ficando na primeira suplência. Joinville é o município de Santa Catarina com a maior população de negros, de acordo com o sociólogo João Carlos Nogueira, do Núcleo de Estudos Negros. Tem 17,4% da população total. Seguem-se Itajaí, com 12%, Criciúma, com 9,5% e Blumenau (6,8%). “Negros em Florianópolis” foi tema da tese de mestrado de Fernando Henrique Cardoso, ao estudar a questão das raças e da mobilidade social na capital. Estudo que virou referência acadêmica e livro editado pela Insular em 2.000.
Pioneira
Sandro Silva foi, também, o primeiro negro a presidir a Câmara Municipal de Joinville, eleito em 2010, com apoio dos petistas e o voto decisivo da vereadora Tânia Ebehardt, do PMDB. Fato que explica a presença do presidente Cleonir Branco e de líderes do PMDB de Joinville na posse da Assembleia. Filho de um jardineiro e de uma diarista, fez carreira no magistério como Antonieta de Barros e depois como líder comunitário.
Antonieta de Barros, órfã de pai, projetou-se com jornalista, fundando e mantendo dois jornais. Mas notabilizou-se como professora, criando cursos e escolas. Lecionou no Colégio Coração de Jesus(particular), e no Colégio Dias Velho(público), o atual Instituto Estadual de Educação.
Incentivada pelo governador Vidal Ramos, o politico que mais modernizou e apoiou a educação pública em Santa Catarina, fez carreira politica, eleita deputada a assembleia estadual constituinte em 1935, pelo Partido Liberal Catarinense. Portanto, após a instituição do voto feminino pela Constituição Federal de 1934. Retornou pela legenda do PSD da família Ramos em 1947. Suplente, ficou até 1951. Era interlocutora de Bertha Lutz, pioneira no movimento feminista do Brasil.
Na Assembleia, os discursos, as articulações e os projetos tinham por objetivo a melhoria da educação estadual, especialmente, a autonomia para os diretores de escolas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário