sexta-feira, 12 de março de 2010

Assembleia Legislativa compra bateria que faz inveja até para quem vive de música

Presidente da Casa diz que responsável será identificado para justificar a compra

Em agosto do ano passado, a Assembleia Legislativa gastou R$ 292 mil na compra de equipamentos de som para o plenário, o plenarinho, a sala das comissões, o hall de entrada e para as sessões itinerantes. Uma transação aparentemente normal, feita por licitação e que acabou chamando atenção por um detalhe: a inclusão de uma incrementada bateria de fazer inveja a muita banda de rock. O instrumento teria custado R$ 4,95 mil e continua desmontado e encaixotado na Assembleia.

O presidente do Legislativo, deputado Gélson Merísio (DEM), diz que vai pedir explicações sobre a compra do equipamento e, afinal, sobre quem tocaria o instrumento. — O responsável vai ser identificado e vai ter que justificar a compra. Se houver justificativa, a gente usa a bateria. Se não tiver, ele vai ser responsabilizado e nós vamos abrir processo para cobrar — diz Merísio.

Ele ressalta que a compra fez parte de uma licitação maior e que por isso deve ter passado sem ser percebida. A compra foi feita ainda durante a gestão do deputado Jorginho Mello (PSDB) como presidente da casa.

— Não tem como um presidente ou um diretor-geral ficar prestando atenção nesses detalhes — exime Merísio.

O deputado Jorginho Mello não foi localizado pela reportagem. A justificativa para a compra da bateria seria o uso em eventos da Assembleia, que teria o hábito de alugar o equipamento.

Em meio a microfones, caixas de som e outros equipamentos de sonorização, o edital da licitação não poupava detalhes na hora de descrever que tipo de bateria deveria ser comprada. Cada componente da bateria, por exemplo, deveria ter capas de proteção feitos de fibra, com revestimento acolchoado. Na hora de descrever os pratos, mais especificações: "Pratos fabricados em bronze B20, com procedência de fabricação Americana ou Canadense, liga metálica de 80% cobre, 20% estanho e filetes de prata, martelados com processo semimanual e acabamento de alta qualidade. Estes pratos são destinados aos bateristas que precisam de resistência, volume e som definido". Também é incluído um praticável, que é uma espécie de palco para a bateria. Esse item deveria ter "acabamento em carpete cinza grafite".

— Isso não é uma bateria, é um sonho. Só os cases de fibra custam mais do que a minha — conta o baterista Fábio Souza Pereira, da banda Os Cafonas, ao analisar a descrição da bateria comprada pela Assembleia. — É uma bateria top, com certeza.

Tem área de madeira, pedestal duplo. Eu tenho duas baterias. Uma muito mais simples, para o dia a dia, que custa uns R$ 2 mil. A outra é top também, custa uns R$ 6 mil — avalia o baterista André Guesser, da banda Samambaia Sound Club.


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