Ideli Salvatti sempre foi uma das mais loquazes lideranças do governo no Congresso. Não importava o grau de aspereza política do tema, lá estava Ideli defendendo o Planalto. Foi assim no mensalão, nos escândalos dos aloprados, no dossiê FHC. Nas últimas semanas, contudo, Ideli parece estar em recesso. Há uma singela explicação para tal comportamento. Ideli está sofrendo enormes desgastes em sua pretensão de governar Santa Catarina.
O primeiro abalo veio com o apoio a José Sarney. Foi no mínimo constrangedor para a líder do governo se esconder das câmeras da TV Senado enquanto ajudava a arquivar as denúncias contra Sarney. Em seguida surgiram os cortes do Planalto às emendas catarinenses. Mais da metade da verba destinada ao Estado para prevenir enchentes foi podada pelo Planalto. A questão é nevrálgica para um Estado que sofre com tragédias ambientais.
Até então, Ideli tinha pouca responsabilidade sobre os episódios. No caso Sarney, cumpria determinação do Planalto. No corte de verbas, não teve forças para reverter uma decisão da equipe econômica. Agora, a senadora foi flagrada num deslize, mais um entre os tantos desmandos cometidos pelo Senado, envolvendo recursos públicos e relações familiares.
KLÉCIO SANTOS
Do Jornal de SAnta Catarina
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