domingo, 13 de setembro de 2009

DE OLHO NO FURACÃO


Perguntas à senadora


Assessor de Ideli Salvatti (PT-SC), Paulo André Argenta, afirmou que ele e a senadora decidiram fazer o curso “The Art of Business Coaching” (que, segundo a “Folha de São Paulo”, custou ao senado R$70 mil), para melhorar a gestão do gabinete.
Melhorar a gestão do gabinete?
O que significa “melhorar a gestão do gabinete”?
A senadora e o assessor poderiam responder?
(Fui assessor parlamentar – redator de discursos – durante dez anos. Nunca precisei “melhorar a gestão do gabinete”. Bastou redigir textos consistentes, densos, organicamente ideológicos. E que nossa prática correspondesse à nossa voz.)
Sei que a senadora não se ofenderá com as perguntas.
Tenho certeza de que ela responderá com o seu espírito zen, com o seu habitual equilíbrio, e com aquela voz serena que pacifica os ouvintes.
Melhorar a gestão do gabinete!
Creio que a líder do governo no Congresso, sabe o que significa proteção do “clã.”
O fundador da empresa (Newsfield Consulting) promotora do curso, Luiz Sérgio Gomes da Silva, filiado ao PT, disse que sua ligação com o partido prejudica sua busca por mais clientes.
(Somos crédulos ou subestimam sistematicamente à nossa inteligência?)

A mesma empresa teria contratado a nora de Ideli (Maria Solange Fonseca) para prestar serviços a Eletrosul, estatal federal que tem sede na nossa amada Ilha.

Quem é o presidente da Eletrosul?
Eurides Mescolotto, ex-marido de Ideli Salvatti. Ou me enganei de nome e de cargo?
(Há erro factual nas informações acima?)

Vou à redundância: a senadora sabe o que significa a proteção do “clã”, é claro.
Senadora: em próximas campanhas eleitorais, a senhora combaterá as oligarquias catarinenses?
Engano-me? Ela não foi ferrenha defensora de José Sarney no Senado?
Um oligarca? Ou um socialista camuflado?

Se não parecesse indelicado, iria sugerir à inquieta senadora, a leitura de “Os Donos do Poder”, de Raymundo Faoro.

Entre outras abordagens, ele disseca os estamentos burocráticos, medita sobre as origens do nosso patrimonialismo, e reflete sobre a apropriação privada do que é publico.
(Daquilo que é de todos nós, do “povo brasileiro”, tão mencionado nos comícios petistas).

A leitura não é fácil, o estilo é, vamos dizer, crispado.
Mas um gabinete com gestão tão eficiente poderá ajudar na compreensão de texto tão denso.

E a eficiente assessoria senatorial não vai precisar viajar ao México, à Argentina e à Espanha.
Lógico, a equipe terá que abandonar as intermináveis reuniões.

Precisará suspender aquela conhecida compulsão assembleísta-petista de viver sempre em terapias ditas ideológicas, ou em penosas viagens para as bases.

Estarei sendo muito abelhudo?
É que Sigmund Freud (1856-1939) – outro autor que a líder do Lula no Congresso deve conhecer bem – atribuía aos escritores uma fina percepção da dinâmica dos conflitos inconscientes.

Afinal, qual o mal em viajar tanto?
Só que para alguns socialistas (a senhora talvez não saiba: este modesto questionador não veio do PFL, atual DEM, e andou por meses em “pensões do Estado”, conhecidas como OBAN e DOPS), as viagens eram forçadas. A ditadura nos mandou embora.

Queria que a gente viajasse de qualquer maneira.
Sempre acreditamos que nós próprios deveríamos ser o exemplo que desejamos para o mundo.

Continuamos acreditando.
É que somos uns tansos, como se diz na Ilha. Uns quixotescos.

Extraído do Blog De Olho na Capital (Emanuel Medeiros Vieira)

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