segunda-feira, 11 de maio de 2009

Denúncia de corrupção no Rio Grande do Sul

Cerco sobre Yeda Crusius aperta novamente

A chapa da governadora tucana Yeda Crusius começa a esquentar novamente – se é que algum dia chegou a esfriar.

Pesquisando nos arquivos aqui do blog, vejo que comecei a tratar do assunto em 27 de abril de 2008.

Na ocasião, CPI na Assembléia Legislativa gaúcha investigava desvio de cerca de R$ 44 milhões no Detran. O principal suspeito, o empresário tucano Lair Fest, tinha sido dos coordenadores da campanha da governadora em 2006.

Na mesma CPI, o delegado Luiz Fernando Tubino, ex-chefe da Polícia Civil gaúcha, afirmou que Lair Ferst teria dado R$ 400 mil para ajudar a governadora a comprar uma casa no bairro Vila Jardim.

As relações delicadas do empresário com parte do secretariado de Yeda Crusis – e também a oposição feroz praticada pelo próprio vice-governador Paulo Feijó (DEM) – acabaram resultando na demissão de quatro secretários, além do chefe da Casa Civil, do comandante da Brigada Militar e do chefe do escritório do Rio Grande do Sul em Brasília.

Rumores de que o empresário Lair Fest teria gravado conversas com o então chefe do escritório em Brasília, Marcelo Cavalcante, levaram os deputados gaúchos a propor o impeachment da governadora – as gravações teriam sido entregues ao Ministério Público, para aliviar a situação do empresário.

O processo não foi adiante, porque Yeda garantiu maioria na Assembléia, com o poderoso auxílio do PDT. Só para lembrar: na mesma época, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) estava ameaçado de cassação, com processo no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.

Tucanos e pedetistas teriam firmado um acordo para livrar Paulo Pereira da Silva e Yeda Crusius.

A crise parecia estancada, até que em fevereiro de 2009 o corpo de Marcelo Cavalcante, ex-chefe do escritório do Rio Grande do Sul em Brasília, apareceu boiando no lago Paranoá. A polícia concluiu por suicídio, precedido de longa e profunda depressão.

De lá para cá, a crise vem aumentando de intensidade. A governadora acusa a oposição de querer desestabilizá-la. Mas não explica a história da compra da casa nem as denúncias de caixa dois na campanha.

Agora, as tais gravações ressurgem em reportagem da revista Veja, com direito, inclusive, a declarações da viúva de Marcelo Cavalcante e ao envolvimento do marido da governadora.

A oposição gaúcha volta a se movimentar para instalar nova CPI. O PT gaúcho, ansioso para recuperar o espaço perdido na política estadual, já fala abertamente em impeachment.

Impressiona, nisto tudo, o silêncio do PSDB. Tão prestimosos para defender o mandato do governador cassado Cassio Cunha Lima, da Paraíba, os caciques tucanos estão estranhamente reticentes sobre este escândalo.

E é um escândalo para ninguém botar defeito.

Lucia Hippolito

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