terça-feira, 10 de março de 2009

LHS ENTRE A RENUNCIA E A CASSAÇAO

À medida que o ministro do TSE, Félix Fischer, conclui o voto, cresce a expectativa dos catarinenses sobre o que fará o governador Luiz Henrique.

O PMDB, de olho nos cargos, sugeriu sua renúncia.
A lembrança dos votos pela cassação, dos ministros Delgado, Pargendler e Grossi, no julgamento interrompido em 2008, assombra os peemedebistas.
Determinados a manter os cargos no governo, encontraram uma fórmula salvadora: o governador e o vice renunciam, o cargo é declarado vago, e, como se passaram dois anos da posse, a escolha do novo governador será pela via indireta, na Assembléia Legislativa.
Uma vez que a tríplice aliança tem a maioria na Casa, a eleição de um aliado é dada como certa.________
O santo que aconselha é novo, mas o conselho não é.
Jorge Bornhausen também sugeriu a renúncia, em 2007, depois que o ministro relator proferiu seu voto, condenando veementemente o governador.
Naquela oportunidade, talvez por não acreditar que a maioria do Tribunal seguisse o voto do relator, LHS ignorou o conselho.
Mas, após dois governadores conhecerem a lâmina da guilhotina, acionada pelos mesmos juizes que o julgarão em breve, a renúncia voltou à ribalta.
Só há duas alternativas possíveis para salvar a tríplice aliança: a absolvição ou a renúncia.
Como esta tem de ocorrer antes de conhecida aquela, a renúncia, se for o caso, acontecerá na última hora, porém a tempo da Assembléia declarar o cargo vago e marcar eleição indireta em 90 dias.___________

Renunciar não é o fim do mundo.
Collor renunciou para não ser cassado. Depois de dezesseis anos alijado do poder, ensaia o retorno, agora no comando da Comissão de Infraestrutura do Senado.
Jânio renunciou esperando uma coisa e aconteceu outra, mas, passados 24 anos, se elegeu prefeito de São Paulo.
Jáder Barbalho e Renan Calheiros também renunciaram, e, em tempo recorde, voltaram a dar as cartas no Congresso.

A história mostra que há vida após a renúncia. _________
Os articuladores da tese argumentam que, no fim das contas, mudará apenas o nome do governador e todo o resto ficará como está.
Graças ao privilégio que os políticos tem, de aprovarem as leis que depois vão transgredir, mesmo se for cassado, Luiz Henrique poderá ser candidato em 2010, pois a inelegibilidade para quem comete crimes eleitorais é de 3 anos, a contar do ano da eleição.
Se for absolvido, posará de vítima, elegendo-se senador com uma votação histórica. E se for cassado, não será abandonado pelos aliados, que se empenharão em elegê-lo para a câmara alta.______________

O problema da renúncia é a admissão de culpa que a acompanha.
Com exceção de Jânio, que renunciou gratuitamente, os outros foram forçados a fazê-lo. Havia processos legais, cuja conclusão inevitavelmente derivaria para a cassação.
A renúncia evidencia o temor do julgamento, a incerteza da absolvição. É quase uma confissão de culpa.

Mas ela não afasta o julgamento, que acontecerá, com renúncia ou não. E nesse dia, só a absolvição salvará a reputação de LHS.

Caso contrário, será para sempre aquele que fraudou a eleição para chegar à chefia do estado. Enfim, migrará do PMDB histórico para o histórico de corrupção do PMDB.__________
O tempo urge.

As partes e o Ministério Público Eleitoral aguardam o ministro Félix Fischer abrir o prazo para as alegações finais. Aberto, defesa, acusação e Ministério Público terão três dias para protocolarem as alegações.
Daí o ministro conclui o voto e o julgamento é marcado, provavelmente para abril.
Até lá a expectativa vai crescer e, enquanto o TSE não der a palavra final, os catarinenses vão assistir uma ópera bufa, protagonizada pelo governador, encurralado entre a cruz e a espada.
Fonte: A política como ela é aqui em Santa Catarina

Nenhum comentário: