Lucia Hippolito
Foi tudo o que o governo não queria.
Uma vitória raquítica, apertada, constrangedora mesmo.
Para quem tem uma base que conta entre 380 e 400 deputados, vitória por DOIS votos (259 votos a favor da recriação da CPMF) é difícil de administrar.
O governo queria uma vitória robusta na Câmara dos Deputados, para influenciar a votação no Senado. Queria fazer valer sua maioria esmagadora. Não deu.
No Senado, a situação é bem menos confortável para o governo. Dos 45 senadores que votaram a favor da CPMF em dezembro passado, meia dúzia já declarou que não votará a favor da recriação da CPMF, ops, da CSS.
A batalha vai ser duríssima.
Na Câmara, o problema sempre foi a base aliada.
Na oposição, os partidos não deram um único voto à recriação da CPMF. PSDB (59 deputados), DEM (53 deputados), PPS (14 deputados), PV (14 deputados) e PSOL (3 deputados) votaram fechados. Nem um único voto a favor.
Já na base aliada... No PT, partido do presidente da República e principal defensor da volta da CPMF, dos 80 deputados (Arlindo Chinaglia não vota, porque é presidente da Câmara), 69 votaram a favor do novo imposto. Nove deputados simplesmente não apareceram para votar. Entre os quais o presidente nacional do partido, o deputado Ricardo Berzoini. Papelão!
No PDT, dos 25 deputados 12 votaram a favor. No PTB, dos 20 deputados 13 votaram a favor. No PR, dos 43 deputados 25 votaram a favor.
O partido mais disciplinado da base (et pour cause) foi o PCdoB. Dos 13 deputados de sua bancada, 12 votaram a favor e um apenas não compareceu à votação – há alguns anos, isto seria motivo para exílio na Albânia, no mínimo.
E o PMDB? Bom, o PMDB votou como PMDB: uma parte a favor, outra contra, outra ainda não compareceu. Do total de 93 deputados, 68 votaram a favor da recriação da CPMF, 9 votaram contra, um se absteve e 15 não compareceram. Nenhuma novidade.
Como se poder ver, o problema não é a oposição, é a base governista.
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