
Praticamente todos os relatórios globais sobre a situação das cidades fazem os mesmos diagnósticos. As metrópoles desenvolvidas deixarão de serem as mais populosas. Ainda assim, Nova York ou Londres, articuladas por uma rede global de circulação de informação e finanças, manterão seu poderio econômico.
Outro dado, pela primeira vez na história, a população das cidades superou a do campo na América Latina, África e Ásia. No entanto, estas metrópoles periféricas passam a concentrar não apenas população, mas também, miséria. O crescimento explosivo da população destas cidades, não veio acompanhado de investimentos em saneamento, transportes e habitação.
Nas últimas décadas, cidades grandes ou de porte médio, vêm enfrentando problemas comuns às metrópoles ricas: poluição, congestionamentos e a violência de todo tipo. De fato, estamos diante de desafios comuns, quer moremos em Viena ou em Florianópolis. Aliás, no Brasil, a situação parece ainda mais séria devido à concentração de poder na esfera federal.
Ora, é no município que o homem nasce, produz e exerce sua cidadania. Este distanciamento entre o Poder central e o município traduz um quadro alarmante. O município concentra grande parte dos dramas sociais. A urbe é vítima de uma acelerada degradação ambiental e falta de segurança, tendo como pano de fundo o apartheid social diante da concentração cada vez maior de pessoas vivendo na pobreza absoluta em que pese os programas de transferência de renda.
Tudo isso, conseqüência de um sistema perverso, concentrador de renda e que estimula o consumo irresponsável e insustentável. Em Florianópolis, o quadro não é muito diferente. Os problemas ambientais são muito particulares em função de sua condição de cidade ilha-continente. A cidade já enfrenta os problemas das grandes metrópoles. E não podemos mais negar que problemas ambientais globais estão cada vez mais nos afetando.
Não há mais clima para um Estado tão centralizado. Devemos estar atentos para experimentar novas formas de gestão, focadas no fortalecimento do poder local, já que a população que aqui vive pode resolver localmente grande parte de seus problemas. Devemos institucionalizar canais de participação popular, de modo a superar até mesmo os conhecidos conselhos gestores.
Acreditamos que assim, poderemos reverter o quadro e manter por muito tempo a cidade boa para todos, desde que todos os problemas e as políticas públicas sejam tratados de forma integrada e sistêmica. Vale a pena pensar sobre isso, Florianópolis merece.
Professor Sérgio Grando, Deputado Estadual (PPS)
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