"A Constituição aprovada ficou torta porque o sistema seria parlamentarista". Daí o descompasso entre os dois poderes
José Serra participou do Congresso Constituinte em 1987/88 e numa entrevista a “Histórias do Poder/100 anos de política no Brasil” chama atenção, respondendo à pergunta sobre o que deu errado, apontando as falhas registradas: “Em primeiro lugar a questão política porque durante a maior parte de funcionamento da Assembléia Constituinte predominava o parlamentarismo; inclusive a Constituição de 88 foi feita como se o regime fosse o parlamentarismo. E, no final, uma articulação derrubou o parlamentarismo!
“Com isso, observa ele, a Constituição ficou torta, porque ela deveria ser uma Constituição parlamentarista e terminou consagrando o presidencialismo. Consagrou o sistema eleitoral absurdo que temos hoje. Hoje, alguém, para ser eleito deputado em São Paulo, por exemplo, tem que disputar o voto de vinte e tantos milhões de eleitores, em vez de ter um sistema distrital, de tipo misto, enfim, um sistema eleitoral mais racional. Ela favoreceu a proliferação de legendas de aluguel. "
"Por incrível que pareça, hoje, quando se quer limitar, por exemplo, a participação de uma legenda de aluguel no horário gratuito numa campanha não se consegue, porque a Justiça diz que contraria a Constituição. E não estou falando de partidos pequenos, estou falando de legenda de aluguel, esses partidos que o sujeito inventa poucos meses antes, vende a legenda, ou vai para um programa de televisão só para atacar um candidato alugado que saiu por outro partido. Coisa que atrapalha.”
Trajetória
Serra fala também de sua carreira política que iniciou logo que voltou do exílio: “ Na época só havia MDB e Arena: Entrei junto com o Fernando Henrique e outros companheiros, amigos, até intelectuais com quem eu havia feito amizade no exílio. O Fernando Henrique, na verdade, tinha entrado antes, mas a participação política mais direta começamos conjuntamente, quando ele foi candidato a senador em São Paulo. "
Serra fala também de sua carreira política que iniciou logo que voltou do exílio: “ Na época só havia MDB e Arena: Entrei junto com o Fernando Henrique e outros companheiros, amigos, até intelectuais com quem eu havia feito amizade no exílio. O Fernando Henrique, na verdade, tinha entrado antes, mas a participação política mais direta começamos conjuntamente, quando ele foi candidato a senador em São Paulo. "
"Eu também fui candidato a deputado federal em 1978, mas a Justiça Eleitoral me cassou a candidatura porque eu tinha sido condenado pelo regime. Foi uma época anterior à anistia. O Fernando Henrique acabou conseguindo, apesar de também ter sido punido. A partir daí houve integração no PMDB e a luta política novamente. Na verdade não transcorreu um dia de permanência minha no Brasil até eu me integrar novamente nesta batalha.”
Por Carlos Fehlberg , do site Política para Políticos
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