
"A análise de novos documentos enviados esta semana à Polícia Federal poderá provocar uma reviravolta na laudo que o Instituto Nacional de Crimanistica (INC) está preparando sobre as contas do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Uma revisão das receitas e despesas mensais do senador, feita a partir da exclusão da verba indenizatória paga pelo Senado nos últimos anos (que Renan computou como renda), indica que o presidente do Senado tem dificuldade para provar que tinha recursos próprios suficientes para pagar pensão de R$ 12 mil a jornalista Mônica Veloso. A PF quis saber do Senado se a verba indenizatória pode ser considerada renda.
- Sem a verba indenizatória considerada com o renda, ele (Renan) teria dificuldades de comprovar a origem do dinheiro (que ele declara ter recebido) e também de custear a pensão - disse ao jornal "O Globo" uma das autoridades do caso.
Nos documentos enviados ao Conselho de Ética e repassados à Polícia Federal, Renan declarou como fonte de renda o salário de senador, aproximamente R$ 16 mil, suas atividades rurais com a venda de gado de suas quatro fazendas, negócios com imóveis e a verba indenizatória de até R$ 15 mil que o Senado pode repassar mensalmente para os senadores custearem despesas com o mandato nos estados.
Na primeira análise, baseada nas declarações de renda, os peritos entenderam que o dinheiro cobriria os gastos pessoais do senador. Mas, com o recebimento de documentos enviados pelo Senado, os peritos descobriram que Renan não poderia incluir a verba indenizatória como fonte de renda. Portaria nº 2 em vigor no Senado desde 2003 informa que a verba só pode ser liberada para despesas relacionadas à atividade parlamentar e mediante a apresentação de nota fiscal. Ou seja, trata-se apenas de reembolso de dinheiro já gasto e não recursos extras.
A portaria não prevê reposição de gastos de ordem pessoal, como seriam as despesas do Renan com Mônica Veloso. Os peritos descobriram ainda indícios de que Rena exagerou na declaração da renda obtida com a venda de gado. O senador teria deixado de incluir no balanço, boa parte das despesas que teve com vacinas, sal, ração, impostos e pagamentos de salários aos empregados da fazenda. Com isso, os lucros reais seriam bem inferiores ao que o senador diz ter obtido. O laudo será entregue ao Conselho de Ética na terça-feira".
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